Round 6 Review ou revisão do ‘Jogo da Lula’: uma brincadeira de criança, popular na China, que se torna mortal.
Trazendo à mostra uma crítica afiada ao capitalismo em estágio avançado.
Cuidado, pode conter spoiler.
A historia gira em torno de um grupo de 456 pessoas desesperadas e afogadas em dívidas.
Round 6 Review
Elas arriscam suas vidas em uma misteriosa competição de vida ou morte, tendo como premio uma bolada no valor de ₩ 45,6 bilhões.
Desde Jogos Vorazes de Hollywood até Battle Royale do Japão, muitas produtoras cinematográficas passaram a enxergar o grande potencial de bilheteria dos jogos de sobrevivência.
Os cineastas normalmente desenham essas narrativas em cenários utópicos, controlados por algum líder totalitário, ou algumas instituições fictícias, para dar fundamento à existência de tais competições brutais.
O Squid Game da Netflix no entanto, evita esse cenário perfeito e futurístico, porque o mundo real já é bem próximo de uma distopia. Carregado de injustiça e desigualdade.
Round 6 Review Ou Jogo da Lula
E depois de décadas e décadas assistindo a pessoas comuns competirem espontaneamente em reality shows humilhantes, em busca de riqueza e fama, os telespectadores querem mais.
E não apenas explicações bizarras para as humilhações desse subgênero.
Dirigido por Hwang Dong-hyuk, Round 6 (Squid Game) acontece na cidade contemporânea de Seul.
Onde 456 desconhecidos que lutam para sobreviver no mundo real são convidados a participar de uma misteriosa competição até o extremo de suas vidas.
Nesse ponto que a coisa começa a ficar bizarra. Pois a competição consiste em uma série de jogos infantis tradicionais no sul da Coreia, mas agora com uma nova versão e o resultado é mortal.
O vencedor sairá com premio de ₩ 45,6 bilhões, enquanto os perdedores vão sendo executados.
Primeiro jogador da trama é Ki-hoon (Lee Jung-jae), um homem de meia idade, triste, derrotado e abatido por demissões, falências de negócios, divórcio além do vício em jogos de azar.
Diante deste cenário ele ainda tem que presenciar sua mãe doente e precisando de cuidados médicos, e sem um plano de saúde para recorrer.
Juntando tudo isso à possibilidade de perder sua filha definitivamente com a mudança para os EUA da nova família da sua ex-mulher.
Ele ainda tem que encarar a cobrança da possiblidade de perder sua filha, ainda suportar a pressão da ameaça dos seus credores.
Round 6 Review
O fundo do poço chegou quando ele foi obrigado a assinar um documento onde ele abe mão da própria dignidade, cedendo os órgãos do seu próprio corpo, caso não consiga pagar as dívidas em 30 dias.
Ele então esbarra com um recrutador e acaba indo parar dentro deste jogo sombrio como sua única esperança para sair desse poço do desespero.
Assim que os jogos aterrorizantes começam, os 456 participantes mostram sua face do desespero vivido no dia a dia.
Veja alguns segredos da série aqui:
Todos têm uma história de fracasso. Aliás esse é o requisito principal para o recrutamento.
Desde o explorado trabalhador migrante paquistanês Ali (Tripati Anupam), que trabalha sem receber salário há meses, à desertora norte-coreana Sae-byeok (Jung Ho-yeon) que perdeu suas economias para um contrabandista aproveitador.
Ki-hoon fica surpreso ao encontrar seu amigo de infância Sang-woo (Park Hae-soo) no jogo, um homem que ele imaginou ser um empresário de sucesso.
Era o orgulho do bairro onde moravam, frequentou uma boa faculdade, mas está secretamente falido devido a investimentos desastrosos no mercado de valores mobiliários.
Por mais desesperadas que essas pessoas estejam, após a primeira rodada de “Luz Vermelha, Luz Verde” eles entendem que o jogo não é uma simples brincadeira de criança na forma como eles conheciam.
Os trabalhadores mascarados da organização se veem coagidos pelas próprias regras do jogo.
Mas também eles querem deixar claro que, aqueles que decidirem participar deve ser de sua livre vontade.
Então eles dão aos competidores uma escolha democrática: se a maioria deles votar pela saída, os jogos se encerrarão ali mesmo.
Assim, com fim da votação eles ganham o direito de votar para casa.
Round 6 Review
Porém, mais uma vez de volta ao mundo real, eles são esmagados de novo por seus piores pesadelos.
Eles precisam mais uma vez enfrentar a dura realidade dos problemas financeiros e fracassos.
Surpreendentemente, sua nova desesperança leva a maioria deles a voltar voluntariamente à competição.
Claro que com um pouco de insistência por parte dos organizadores.
Mas ninguém foi de fato forçado ou coagido a entrar no jogo.
Eles mostravam os dois lados da moeda e a decisão final era por conta de cada um dos competidores.
Mas nessa volta, secretamente também vai junto um detetive da polícia, que tenta se infiltrar nos jogos para encontrar seu irmão desaparecido.
É aí que reside o gênio da alegoria do diretor Hwang Dong-hyuk: a ilusão de livre arbítrio e justiça em um sistema manipulado.
As elites sem rosto (literalmente, no caso do Squid Game) que comandam o jogo pensam que essas pessoas, por serem pobres nunca terão escolhas e que suas posições na vida os deixam vulneráveis aos caprichos dos ricos e poderosos, se vendo obrigados a competir para salvar suas próprias vidas.
Pois depois que aceitavam entrar no jogo, não poderiam mais desistir.
A única forma de sair seria se a maioria dos jogadores concordasse.
Ao colocar lado a lado a inocência desses jogos infantis com a crença traiçoeira de que a competição incessante e implacável é a única maneira de os adultos modernos sobreviverem, o Squid Game apresenta um pequeno mundo paralelo, mas nem tanto, do potencial da sociedade capitalista no mundo atual.
Deixando um pouco de lado a temática da série que é um show à parte, o Squid Game também joga os participantes contra a parede, graças ao seu elemento de competição visceral tão presente na vida deles.
Pois o dia a dia de cada um daqueles fracassados já é uma torturante competição sem perspectiva de premio no final.
As reviravoltas, regras e configurações dos jogos são calibradas com precisão para provocar o máximo de tensão e emoção.
Revisão do Jogo da Lula
Mas é a politicagem entre os concorrentes que oferece os momentos mais fascinantes da série.
Enquanto assistimos a alianças transacionais e amizades genuínas se formarem, apenas para desmoronar diante de uma estratégia a sangue-frio e traições cruéis, que neste caso retratam bem aquela máxima que diz ‘cada um por si’.
Entre os competidores que vão desde os fortes, conhecedores das brincadeiras, aos frágeis que não faziam ideia de como jogar, passando pelos implacáveis ou aos compassivos.
Toda essa mistura cria uma dinâmica fascinante onde os espectadores nunca têm certeza de por quem torcer em qualquer rodada.
Aliás, não se engane, pois aquele que se mostra o mais fraco pode te surpreender.
Apesar das críticas sociais afiadas ao show, a competição de suspense e a simpatia dos personagens permanecem cativantes o tempo todo.
No entanto, uma vez que o Squid Game chega à sua conclusão para revelar seus fantoches, seus pontos de virada tornam-se um pouco previsíveis e as mensagens da série são apresentadas de forma muito direta e didática.
E apesar do final apresentar um epílogo longo e um tanto insatisfatório, culminando com uma reviravolta boba e meio previsível, a perversão em tons pastéis da nostalgia juvenil do Squid Game faz mais do que o suficiente para nos manter presos e esperançosos para uma potencial segunda temporada. Será?
O diretor vê os personagens principais como seus “clones internos”
Hwang Dong-hyuk, o diretor da série de grande sucesso da Netflix atualmente, falou sobre como o show reflete os desafios da vida cotidiana.
O diretor de 50 anos havia compartilhado que a narrativa de Squid Game – que gira em torno de 456 pessoas comuns endividadas participando de interpretações mortais de jogos infantis por uma chance de ganhar uma fortuna – reflete a “sociedade competitiva” em que vivemos hoje .
“Esta é uma história sobre perdedores”, disse Hwang, observando quantos na sociedade lutam para sobreviver na batalha da vida cotidiana enquanto os “vencedores” chegam a “subir de nível”.
Ele chegou a revelar alguns elementos pessoais que incorporou à série, particularmente por meio de seus personagens principais, Gi-hun e Sang-woo, a quem ele deu o apelido de velhos amigo.
Agora, aqui vai uma curiosidade… O nome original da série é “Squid Game”, que na tradução original seria “Jogo da Lula”.
Mas então porque o nome aqui no Brasil ficou “Round 6”?
Bem, a teoria é simples.
Um dos motivos da mudança é o simples fato de o jogo da lula não ser conhecido aqui no Brasil e, por isso, o nome não chamaria a atenção e, portanto, uma conexão imediata com o público brasileiro poderia não acontecer.
O estranhamento do nome poderia causar um afastamento ou desinteresse na série, que inclusive levou uma das atrizes ao estrelato no Instagram.
A jogadora 067 saltou de 400 mil seguidores antes do sucesso de Round 6 para 18 milhões de seguidores. Ficando com o posto de atriz coreana mais seguida na plataforma.
Nada mal não é?
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Squid Game Review
Outra hipótese levantada pelos fãs da série, poderia ser que o nome “O jogo da Lula” levaria os espectadores a associarem este nome a um determinado político brasileiro.
E nesse caso, o alcance e o interesse do público brasileiro seria bem menor, e a série não teria um desempenho tão bom.
Round 6 acabou sendo o nome escolhido, por também fazer referencia ao número de rodadas no jogo que os participantes teria que encarar até o final da maratona.
Claro que essa série vai desagradar muita gente por várias razões.
Seja pelo seu tom mortífero, seja por que sempre tendemos a torcer o nariz para alguma produção que não venha do velho e conhecido tio sam.
Ou pelo idioma ao qual estamos menos acostumados, ou até pela forma caricata de atuação dos personagens.
Mas fato é que a série é sim surpreendente e deixou muita produção americana no chinelo.
Eu vou ser sincero e confessar a vocês que sou, ou melhor, já fui uma dessas pessoas que torcia o nariz para qualquer produção que não fosse dos grandes estúdios de Hollywood.
Squid Game Review
Quando se tratava de produção brasileira, então, não dava a menor chance.
Claro que no caso do Brasil, a maioria das produções era ruim mesmo.
Porém os caras já estão ficando velhinhos nesse ramo né?
E já estava mais que na hora de produzirem algo que preste.
Portanto, hoje eu já olho duas vezes antes de torcer o nariz para as nossas produtos.
Pois nos últimos meses tenho visto grandes produções brasileiras dignas de Hollywood.
E você? Já maratonou Round 6? Também acredita que teremos a segunda temporada?
Deixe um comentário, me conta o que você achou da nova produção sul-coreana da Netflix.
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